Sororidade. Esse foi o sentimento que motivou a policial militar Milene Barreto a prestar um serviço diferenciado às vítimas de violência doméstica. A militar é idealizadora da sala e casa Lilás,na Zona Leste de Porto Velho.
Por três anos, Milene comandou a Patrulha Maria da Penha. E realizando o trabalho no dia a dia e tendo convívio com as vítimas de agressões no lar, a militar observou as maiores dificuldades enfrentadas pelas vítimas para tomarem a iniciativa de denunciar o agressor.
“Percebi nos atendimentos que muitas vítimas desistiam de denunciar seus agressores pela distância de alguns serviços da rede de proteção ou mesmo porque eram desmotivadas dentro da própria delegacia”, explica.
A composição de servidores masculinos nas delegacias, segundo a militar, fazia com que muitas das vítimas se sentissem intimidadas. Assim, não realizavam a denúncia ou se sentiam acuadas para irem atrás de mais informações, como por exemplo, a busca por proteção.
“Assim nasceu a Casa Lilás, da necessidade de um espaço humanizado, dentro da comunidade, que fosse acessível e uma referência para as mulheres se sentirem acolhidas e seguras para denunciar seus abusadores“, diz.
Falta de recursos financeiros
A idealizadora da Sala Lilás, na Zona Leste da capital, conta que por causa de alguns impedimentos para oferecer um serviço adequado às vítimas, decidiu tirar o papel um projeto pessoal: Casa Lilás. O local tinha como objetivo acolher as vítimas de agressão no lar e em risco iminente de morte.
“A princípio éramos instalados na rua Araguaina, no bairro Jardim Santana. Por lá ficamos por três meses e atenderemos mais de 50 famílias em situação de vulnerabilidade social e violência doméstica.
Depois mudamos para uma casa na rua Osvaldo Ribeiro, na entrada do residencial Orgulho do Madeira, lá chegamos a realizar muitos atendimentos e eventos mais importante. Conseguimos empregar temporariamente quase 20 famílias”, lembra.
No entanto, o recurso para manter a Casa Lilás em grande parte saia do salário da servidora. Ela explica que após descobrir uma gestação, precisou fechar as portas da casa.
“As doações que recebemos são de cesta básica de alimentos para as famílias, roupas e brinquedos. Toda a despesa do projeto sempre foi custeada por mim, porém descobri que estou grávida e como já tenho outro filho de 4 anos, não foi mais possível custear sozinha as despesas do Projeto”, lamenta.
Sem sede, Milene não desistiu do projeto. Ela conta que tem feito planejamento e buscado formas de, novamente, abrir as portas da Casa.
“Hoje estamos sem sede e em busca de parcerias para que no início do ano de 2023 a gente consiga um terreno próprio para construção de uma sede, sem precisar pagar aluguel e poder estruturar o projeto adequadamente para a capacitação de mulheres. Isso para que elas tenham condições de trabalhar e conseguir suprir suas necessidades financeiramente”, diz.
Atuação
Por causa do projeto, Milena recebeu o reconhecimento da Câmara Brasileira de Cultura e teve duas indicações para as comendas Mérito Social e Mérito da Amazônia.
Ela segue oferecendo atendimentos às vítimas de violência doméstica de forma online e também por meio de palestras.
“Recentemente firmamos um convênio com as Cáritas, com palestras sobre violência doméstica em espanhol com migrantes venezuelanos. Os atendimentos são por rede social ou WhatsApp”, conta.
Projetos que amparam a vítima de violência doméstica
Em Porto Velho, a prefeitura oferece uma Unidade de Apoio à Mulher Vítima de Violência Doméstica (UAMVVD), que é uma casa que oferece abrigo e tem como objetivo manter as vítimas protegidas e longes de seus agressores.
A principal porta de entrada da vítima de violência doméstica na Casa é pelo Centro de Referência Especializado da Assistência Social no Atendimento à Mulher Vítima de Violência Doméstica (Creas Mulheres), mas também pode ocorrer pelo Plantão Social e ser solicitado na Delegacia da Mulher.
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