Rússia diz que decisão dos EUA é perigosa; China pede calma e EUA decide manda 3 mil soldados ao Oriente Médio
Qassem Soleimani era um dos homens mais poderosos do Irã. Presidente do Iraque condena ataque e pede moderação de todas as partes.
O presidente do Iraque, Barham Salih, condenou na sexta-feira (3) o ataque aéreo dos Estados Unidos que matou em Bagdá o general iraniano Qassem Soleimani, e pediu moderação de todas as partes.
Em comunicado, o presidente iraquiano disse que o Iraque deve colocar seu interesse nacional em primeiro lugar e evitar as tragédias de um conflito armado que afeta o país ao longo de quatro décadas, disse ele em comunicado.
China
A China expressou sua “preocupação” e pediu “calma”. “Pedimos a todas as partes envolvidas, principalmente aos Estados Unidos, que mantenham a calma e exercitem auto-controle para evitar novas tensões”, disse um porta-voz da diplomacia, Geng Shuang.
Rússia
A Rússia alertou para as consequências da operação “perigosa” americana, que resultará no “aumento das tensões na região”, segundo o ministério das Relações Exteriores russo.
Para o presidente Vladimir Putin, o assassinato ameaça “seriamente agravar a situação” no Oriente Médio.
Israel
O governo israelense colocou as Forças Armadas em alerta máximo nesta sexta-feira (3), mas, até agora, não se pronunciou sobre o ataque.
O silêncio sobre o ataque dos integrantes do gabinete de segurança de Benjamin Netanyahu foi interpretado pela mídia israelense como uma tentativa de impedir retaliação de representantes e aliados do Irã na região. Isso inclui o Hezbollah, movimento libanês apoiado por Teerã, e os grupos militantes palestinos Hamas e Jihad Islâmica, em Gaza.
Reino Unido
O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, apelou a “todas as partes à desescalada”.
“Sempre reconhecemos a ameaça agressiva da força iraniana Al-Qods liderada por Qassem Soleimani. Após sua morte, pedimos a todas as partes que diminuam a escala. Outro conflito não é de forma alguma do nosso interesse”, declarou o chefe da diplomacia britânica.
França e Holanda
Paris também considerou que “a escalada militar é sempre perigosa”. “Nosso papel não é ficar de um lado ou de outro, é falar com todos”, disse a secretária de Estado para os Assuntos Europeus, Amélie de Montchalin, assegurando que Paris procura criar “as condições para a paz em qualquer caso para a estabilidade”.
A Holanda também alertou seus cidadãos que moram no Oriente Médio.
EUA
O Pentágono confirmou o bombardeio e disse que a ordem partiu do presidente Donald Trump. Em nota, o órgão culpou Soleimani por mortes de americanos no Oriente Médio e afirmou que o objetivo foi deter planos de futuros ataques iranianos.
Donald Trump, que estava na Flórida no momento do ataque, postou uma bandeira americana em uma rede social, mas não falou sobre o episódio.
A embaixada dos EUA no Iraque pediu para os seus cidadãos deixarem o país por temer represálias.
Líbano
O líder do movimento xiita libanês Hezbollah, um grande aliado do Irã, prometeu “a justa punição” aos “assassinos criminosos” responsáveis pela morte do general iraniano.
ONU
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, estimou que “o mundo não pode permitir uma nova guerra no Golfo”, e apelou “aos líderes a fazerem prova de máxima contenção” neste momento de tensões.
União Europeia
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, considerou que o “ciclo de violência, de provocações e de represálias deve cessar” e que “uma escalada deve ser evitada a todo custo”.
Iêmen
Os rebeldes iemenitas huthis, apoiados por Teerã, apelaram, por meio da voz de Mohammed Ali al-Huthi, uma autoridade da direção política rebelde, a “represálias rápidas e diretas”.
Arábia Saudita
País pediu autocontrole para evitar mais violência depois do ataque dos EUA. O ministro de Relações Exteriores publicou uma declaração em que afirma que a comunidade internacional precisa atender suas responsabilidades para garantir a segurança na região.
Irã
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, ameaçou “vingar” a morte de Soleimani e decretou três dias de luto nacional.
“O martírio é a recompensa por seu trabalho incansável durante todos esses anos (…) se Deus quiser, seu trabalho e seu caminho não irão parar por aí, e uma vingança implacável aguarda os criminosos que encheram suas mãos com seu sangue e o de outros mártires”, disse o aiatolá Khamenei em sua conta no Twitter.
Segundo Khamenei, a morte de Soleimani aumenta a motivação da resistência contra os Estados Unidos e Israel. “Todos os inimigos devem saber que a jihad de resistência continuará com uma motivação dobrada, e uma vitória definitiva aguarda os combatentes na guerra santa”, disse Khamenei em comunicado divulgado pela TV.
Já o presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse que agora o país estará mais determinado a resistir aos EUA e também falou em vingança. “O martírio de Soleimani tornará o Irã mais decisivo para resistir ao expansionismo americano e defender nossos valores islâmicos. Sem dúvida, o Irã e outros países que buscam a liberdade na região se vingarão”, afirmou Rouhani.
O ataque
O bombardeio americano teve como alvo um comboio de veículos dentro do perímetro no Aeroporto Internacional de Bagdá e matou pelo menos sete pessoas, de acordo com fontes das forças de segurança iraquianas. Entre as vítimas, está Abu Mahdi al-Muhandis, chefe das Forças de Mobilização Popular do Iraque, milícia apoiada pelo Irã.
Os dois serão enterrados no sábado. Iraque e Irã decretaram três dias de luto.
A embaixada dos Estados Unidos em Bagdá recomendou a seus cidadãos que deixem o Iraque “imediatamente”.
EUA anunciam envio de 3 mil soldados ao Oriente Médio após morte de general iraniano
O Pentágono afirmou nesta sexta-feira que o envio de tropas é uma medida de precaução diante de ameaças às forças americanas.
Os Estados Unidos estão enviando quase 3 mil soldados adicionais para o Oriente Médio, como medida de precaução após ameaças às forças americanas na região, de acordo com anúncio do Pentágono nesta sexta-feira (3). Os militares são da unidade da 82ª Divisão Aerotransportada (Carolina do Norte) – conforme informações da agência Reuters.
De acordo com a Associated Press, que conversou com autoridades do governo americano em condição de anonimidade, cerca de 700 soldados dessa unidade militar já haviam sido enviados para o Kuwait no início desta semana, depois de ataques à embaixada americana em Bagdá, no Iraque, atribuído a membros de milícias iranianas.
Segundo o jornal americano “The New York Times”, que ouviu uma fonte no Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o Pentágono já vinha preparando, nesta semana, 4 mil soldados com base em Fort Bragg, na Carolina do Norte.
Os soldados enviados a partir de agora se unirão àqueles que já estavam no Kuwait.
O Irã prometeu vingança aos Estados Unidos após o ataque aéreo que matou o general iraniano Qassem Soleimani, um dos comandantes de mais alto escalão do país e com crescente influência no Oriente Médio.
O dramático ataque, autorizado pelo presidente Donald Trump, foi uma escalada na já tensa relação entre os dois países e aliados, principalmente Israel e a Arábia Saudita.
Qassem Soleimani tinha 62 anos e era um alto líder das forças militares iranianas. Herói nacional, ele foi o general da Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, um braço paramilitar de elite que responde diretamente ao aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país há 30 anos.
Soleimani era apontado como o cérebro por trás da estratégia militar e geopolítica do país. Muito próximo ao líder supremo, ele sobreviveu a diversas tentativas de assassinato nas últimas décadas.
Sobre a morte de Soleimani
A morte do general Qassem Soleimani, um dos homens mais poderosos do Irã, marca mais um capítulo da escalada de tensão entre os governos iraniano e norte-americano.
O líder da Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, foi atingido nesta quinta-feira (2) em um bombardeio ordenado por Donald Trump, em Bagdá, no Iraque.
Em nota, o Pentágono culpou Soleimani por mortes de americanos no Oriente Médio e afirmou que o objetivo foi deter planos de futuros ataques iranianos.
Enquanto líderes iranianos falam em “vingança”, a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá pede aos cidadãos norte-americanos que estão no Iraque que deixem o país o mais rápido possível, por via aérea ou terrestre.
Fonte: G1 Mundo