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Brasil registra mais de 300 mil casos de dengue

Paraná, Mato Grosso do Sul e Acre são os estados que mais preocupam o Ministério da Saúde; 77 pessoas morreram

O Brasil registrou 332.397 casos de dengue nas primeiras dez semanas deste ano, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que compilou dados até o dia 7 de março.

O aumento em relação a um período semelhante no ano passado é de 45%. Até a 11ª semana de 2019, o país registrava 229.064 diagnósticos da doença. Apenas em 2020, 77 pessoas morreram em decorrência da dengue.

Apesar de São Paulo ser o estado que apresenta o maior número de casos absolutos — com 105.569 infectados —, o Ministério da Saúde aponta que os estados com as situações mais críticas são o Paraná (902,60 casos/100 mil habitantes), Mato Grosso do Sul (874,06 casos/100 mil habitantes), Acre (com 429,51 casos/100 mil habitantes) e Mato Grosso (323,49 casos/100 mil habitantes), além do Distrito Federal (266,97 casos/100 mil habitantes). Juntos, estes estados representam 45% dos casos de dengue do Brasil.

O ano de 2019 teve o segundo maior número de casos de dengue desde que a notificação obrigatória sobre a doença começou, em 1990. O Ministério da Saúde registrou 1,53 milhão de notificações da enfermidade, a maioria delas em Minas Gerais e São Paulo.

— As arboviroses têm ciclos, é de se esperar é que se tenha uma oscilação de casos, alguns anos tendo muitos e em outros, poucos — avalia Claudia Codeço, coordenadora do InfoDengue, que aplica modelos estatísticos para fazer um diagnóstico de situação da doença para estados e municípios.

Das 77 mortes registradas no país, 31 foram no Paraná. O estado registrou uma explosão de casos de dengue este ano, aumentando 1.696% em relação ao ano passado. Nas dez primeiras semanas de 2020 foram 103.203 diagnósticos, contra 6.084 nas primeiras 11 semanas de 2019.

Segundo Ivana Belmonte, coordenadora de Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, o expressivo aumento de casos de dengue no estado está relacionado ao vírus da dengue circulante na região, o tipo 2.

— Tivemos uma alteração no sorotipo circulante. Durante quase dez anos tivemos a dengue 1 como predominante no estado. Por conta disso, grande parte da população ganhou imunidade ao vírus. Mas, em agosto do ano passado, começou a circular no Paraná o dengue tipo 2, que foi aumentando e hoje representa 83% dos casos da doença no estado — explica.

Há quatro sorotipos de vírus da dengue (1, 2, 3 e 4). Ao ser infectado por um deles, ganha-se imunidade. Por isso, é possível que uma pessoa tenha o diagnóstico de dengue até quatro vezes, um para cada sorotipo.

O retorno da circulação do sorotipo 2 da dengue é a explicação para o aumento de casos não apenas no Paraná, mas nos demais estados.

— Os casos registrados a partir de 2019 estão relacionados o sorotipo dengue 2, que não circulava intensamente desde 2008. No ano passado ele se dispersou na região sudeste e centro-oeste, e permanece com uma circulação expressiva no noroeste do Paraná.

Como ele não circulava nestas regiões há muito tempo, fez com que tenhamos uma grande suscetibilidade de infecções tipo 2 — afirma Rodrigo Said, coordenador-geral do Programa de Vigilância e Controle das Arboviroses do Ministério da Saúde.

Outra explicação para o aumento de casos no Paraná e também no Mato Grosso do Sul é a proximidade com o Paraguai, que vive um surto de dengue.

— Uma região como esta, que tem fronteiras, é caracterizada pelo trânsito maior de pessoas o que favorece o aumento de casos expressivos — diz André Siqueira, infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fiocruz.

O infectologista lembra que a doença é propagada pelo mosquito Aedes aegypti, que usa água parada para se multiplicar. O clima mais chuvoso contribui para a propagação do vetor.

— O Aedes tem uma capacidade de proliferação muito grande, às vezes, um buraco com água pode ser suficiente, por menor que ele seja. Por isso, é importante que toda a população contribui eliminando os criadouros — complementa Siqueira.

Segundo os especialistas ouvidos pelo GLOBO, cerca de 80% dos criadouros do mosquito Aedes aegypti está dentro das casas. A pandemia coronavírus, na visão eles, pode contribuir para a diminuição dos casos de dengue e das demais doenças transmitidas pelo mosquito, já que grande parte da população vai permanecer dentro de casa para evitar a transmissão do vírus.

— Agora que a orientação é não sair de casa, este é o momento ideal para aumentar a vigilância no próprio domicílio, já que grande parte dos criadouros são intradomiciliares — observa Said.

Por outro lado, a grande preocupação do governo e da população com a Covid-19 pode tirar a atenção para as doenças que são comuns em território brasileiro, como a dengue.

— Uma pandemia demanda uma grande atenção do sistema de saúde, em contrapartida, não podemos descuidar de doenças como a dengue. Este é um grande desafio para o sistema de saúde — ressalta Siqueira.

Como ainda não há vacina contra a dengue, a recomendação dos especialistas é limpar, toda semana, ambientes que possam ser foco de proliferação do Aedes aegypti. Além disso, o sistema público de limpeza deve recolher o lixo para evitar que novos criadouros surjam.

Febre alta (entre 39º a 40º C), dor de cabeça, dor atrás dos olhos e no corpo, cansaço extremo e vômitos são alguns dos sintomas da dengue.

 

FONTE CONE SUL ACONTECE

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