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Primo de jovem que morreu em explosão de tanque segue internado na UTI com mais de 90% do corpo queimado em Vilhena

Quadro é considerado gravissímo e jovem segue intubado. Sedação foi retirada para verificar evolução neurológica

É considerado gravissímo o estado de saúde do adolescente Maykon Kennedy da Silva, de 16 anos, que encontra-se internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde o último sábado, 02 de Novembro, quando acabou tendo mais de 90% do corpo queimado na explosão de um tanque de combustível que matou seu primo Fernando Guilherme Silva, que também tinha 16 anos.

A reportagem do jornal Rota Policial News conversou nesta segunda-feira, 04 de Novembro, com Paulo Mendes, que é assessor de imprensa da Santa Casa de Misericórdia, responsável pelo Hospital Regional de Vilhena, quanto ao caso de Maykon Kennedy da Silva.

Mendes explicou que o quadro clínico do adolescente é gravissímo, sem qualquer chance de transferência para outro hospital neste momento e que ele apresenta mais de 90% de área afetada por queimaduras no corpo e segue recebendo tratamento intensivo e  os médicos aguardam resposta do organismo ao tratamento.

Hoje, por volta das 10 horas, a sedação foi retirada para avaliar a resposta do organismo e seu quadro neurológico, contudo, até às 21 horas, Maykon ainda não havia apresentado melhoras e ele segue desacordado.

A equipe médica avalia que o quadro segue gravissímo e as próximas horas e dias serão decisivas para evolução ou piora do quadro clínico de Maykon.

Tramentos especializados em casos de queimaduras estão sendo adotados para prevenir ao máximo infecções, contudo, devido a grande área afetada ele corre sérios riscos, que podem comprometer a vida.

“Vítimas de queimaduras graves necessitam de um tratamento complexo para evitar complicações que podem, posteriormente ao acidente, levar à morte. Deste modo, a equipe médica da Santa Casa de Misericórdia tem trabalhado e realizado todos os métodos para garantir a segurança e evolução do paciente, tentando evitar ao máximo infecções e enfim,”disse Paulo Mendes.

Familiares e amigos do garoto seguem em orações pela recuperação de Maykon e pedem que a sociedade em um todo faça uma corrente de oração em prol da vida e recuperação do menor.

“Oraremos dia e noite pela vida dele e pedimos o apoio da população em uma verdadeira corrente de oração para que ele se recuperece. Nós cremos em um Deus de milagres”, disse um familiar.

Grandes queimaduras oferecem alto risco de morte:

O Rota Policial News se aprofundou no assunto sobre vítimas de grandes queimaduras e em contato com o renomado Doutor Drauzio Varella, recebemos um Artigo sobre Grandes  Queimaduras, escrito pelo médico.

O Artigo explixa que a definição de um paciente como grande queimado, segundo o CFM (Conselho Federal de Medicina), envolve uma série de combinações entre idade, porcentagem e região atingida do corpo, natureza e grau da queimadura, além de existência de lesões específicas adicionais.

Menores de 12 anos, por exemplos, são considerados grandes queimados se tiverem queimaduras de segundo grau em mais de 15% do corpo ou de terceiro grau em mais de 5% do corpo. Vítimas de queimaduras de origem elétrica são considerados grandes queimados automaticamente.

Queimaduras são um dos traumas mais graves a que o corpo humano pode ser submetido. Até que o organismo estabilize, a sobrevivência é uma incerteza que pode durar várias semanas e meses. Durante esse período, passa-se por uma série de provações.

O primeiro risco é o de lesão inalatória, principal indicação para que o paciente seja entubado. “Muitas vezes o paciente chega consciente. Aí você vê que ele está com os pelos do nariz queimados, abre a boca dele e vê que a garganta está preta de fuligem, ou então nota que ele está rouco. É típico. Precisa entubar rápido, senão vai ter problema”, explica o dr. David Gomez, cirurgião plástico responsável pela Unidade de Queimados do Hospital das Clínicas de São Paulo, ouvido pela reportagem.

Em seguida, o principal risco é a morte por perda de líquidos nas primeiras 48 horas. Um paciente de 70 quilos com queimaduras em 70% do corpo, por exemplo, pode precisar de quase 10 litros de reposição nas primeiras horas, chegando a um total de 20 litros só no primeiro dia. É fundamental descartar antes a possibilidade de lesão inalatória, pois nesse caso, o excesso de líquido dado na reposição pode inchar a região das cordas vocais e impedir a passagem do tubo. Maykon, superou essa fase das 48 horas.

“É um volume grande, mas mesmo assim, hoje em dia é difícil perder um paciente queimado nesse primeiro momento, porque a maioria dos prontos-socorros e hospitais consegue repor essa perda. O problema é depois, quando surge o risco de infecção”, afirma o dr. David.

Corpo exposto

Em geral lidamos com o perigo de infecções quando sofremos pequenos cortes ou esfoladuras, mas no caso de queimaduras, a ferida é uma porta escancarada para microrganismos. Segundo um estudo publicado na Revista Brasileira de Queimaduras em 2011, mais de 70% dos óbitos em casos de queimaduras ocorrem por infecção.

Quando o fogo destrói a derme, a camada logo abaixo da superfície da pele, o tecido morto que resta torna-se uma superfície rígida denominada escara, uma crosta que é foco de agentes infecciosos, dificulta a circulação sanguínea na região e impede o crescimento ou a enxertia de uma nova pele.

Sua remoção pode ser feita com o uso de um instrumento chamado Faca de Blair ou com um aparelho elétrico de mesma função. O procedimento consiste em tirar uma lâmina da pele e com ela a escara. Simplificando muito — e desconsiderando a precisão cirúrgica –, é semelhante a cortar a casca de um queijo.

Ressecar a escara não resolve o problema de exposição do organismo. Nesse ponto, a porta ainda está escancarada, e apesar de grande parte do tecido morto ter sido retirado, o risco permanece alto, pois é preciso cobrir a parte que foi removida.

Doutor David afirma que: “No Brasil, a gente pode dizer que um queimado com grande área atingida está com um pé e meio na cova.” Isso porque quando a extensão queimada é ampla existe um enorme desafio: de onde tirar pele saudável para cobrir a ferida?

Com a destruição do tecido, é como se o paciente ficasse com um buraco que precisa ser preenchido para barrar a entrada de microrganismos enquanto o organismo produz um novo tecido dérmico que depois será coberto pelo enxerto retirado do próprio paciente.

Porém, um indivíduo com 60% do corpo queimado nem mesmo em tese tem quantidade restante para ser fonte de pele. É viável e prática comum em tratamentos de grandes queimados retirar enxertos de onde for possível e, se ainda assim não for suficiente para cobrir as áreas afetadas, aguardar a regeneração dos locais de onde se retirou a pele pela primeira vez e então obter enxertos novamente.

Esse método tem duas grandes vantagens. “A área de onde se tira o enxerto tende a ficar mais clara com o tempo. Já a área onde se coloca o enxerto tende a ficar mais escura. Então, se você tem condições de tirar de um lugar do qual você já tinha tirado antes, ou até de uma queimadura mais superficial que se curou sozinha, o enxerto vai ser menos escuro na área receptora. Além disso, você não vai acrescentar mais uma cicatriz no paciente removendo pele de vários lugares saudáveis”, explica dr. David.

Porém, em casos graves não há tempo para esperar as áreas doadoras se recuperarem. É preciso fechar logo as entradas aos microrganismos.

Cultivo de pele

Uma saída é utilizar pele de cadáver. Conservada em glicerol (um álcool em alta concentração), ela pode ser usada como matriz. Porém, mesmo com as células mortas ela pode não “pegar” e impedir uma evolução ideal.

Familiares na ânsia de ajudar se oferecem para doar pele, mas essa não é uma boa opção. “Transplantar pele funciona como um transplante de órgão, para não haver rejeição você tem que aplicar imunossupressores. Mas o grande queimado é um paciente extremamente debilitado, altamente propenso a sofrer infecções em várias partes do corpo. Se você der remédios que afetam a imunidade, então…”, explica dr. David.

Uma alternativa melhor é utilizar substitutos artificiais de pele. Eles têm a aparência de uma película de borracha fina e translúcida, com um dos lados revestido por uma membrana de silicone que faz o papel da epiderme. Em um tratamento ideal, esse substituto é utilizado para preencher a área exposta da ferida. Ao mesmo tempo, retira-se um pequeno quadrado de 2cm2 de pele saudável do próprio paciente.

Em laboratório, cultiva-se esse quadradinho e três semanas depois obtém-se 1m2 de pele. A membrana de silicone da pele artificial é retirada, cobre-se com a pele cultivada e prossegue-se com o tratamento, agora já superada a fase crítica de maior risco de infecção.

No Brasil, um dos substitutos de pele disponíveis chama-se Integra. “Ele vem em dois tamanhos em retângulo, um de 10 x 12cm e um de 20 x 22cm. O menor custa uns R$ 16 mil. O maior, uns R$ 32 mil. Agora imagine quantos retângulos desses precisa para cobrir um grande queimado. E isso, o SUS não cobre o substituto de pele e planos de saúde podem dar muito trabalho até autorizarem seu uso”, diz o dr. David.

 

 

 

 

Redação – Com informações Drauzio Varella

Rota Policial News

 

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