O pai de Gladson, Eladio Cameli, e um irmão do governador, Gledson Cameli, também são investigados na operação.
O g1 entrou em contato com a Secretaria de Comunicação do governo do Acre, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
O STJ determinou o bloqueio de R$ 120 milhões em bens dos investigados, incluindo valores em contas bancárias, aeronaves, casas e apartamentos de luxo. Segundo a PF, o cumprimento dos mandados envolve mais de 300 policiais federais nesta quinta.
Os mandados são cumpridos no Acre, no Amazonas, em Goiás, no Piauí, no Paraná, em Rondônia e no Distrito Federal. No Acre, equipes da PF fizeram buscas em gabinetes da Casa Civil e da Secretaria de Fazenda do estado.
Ressarcimento aos cofres públicos
Nesta nova fase, segundo o material divulgado, o objetivo é bloquear bens para, no futuro, ressarcir os cofres públicos.
Além do bloqueio dos itens de luxo, a decisão do STJ prevê:
- 31 afastamentos de cargo ou função pública;
- 57 proibições de contato com investigados e acesso a órgãos públicos;
- 57 entregas de passaporte;
- 70 quebras de sigilo bancário e fiscal;
- 15 empresas com atividades econômicas suspensas.
A PF e a PGR não divulgaram quem são os alvos de cada uma dessas medidas. A operação tramita em sigilo no STJ.
Suposto esquema milionário
De acordo com material divulgado pela CGU, a operação tenta desarticular uma “organização criminosa especializada em fraudar contratações públicas”.
Há suspeita de que recursos da saúde, da educação e do BNDES para obras de infraestrutura e serviços de manutenção tenham sido desviados.
A CGU e a PF identificaram “superfaturamento e inexecução contratual em pelo menos quatro contratos com empresas da área de construção civil”.
Essas empresas receberam, desde 2019, mais de R$ 268,6 milhões em recursos públicos. As evidências apontam uma série de condutas irregulares, incluindo:
- uso de sócios ocultos para disfarçar a conexão das empresas com servidores públicos envolvidos nas contratações;
- movimentações de altos valores em espécie (dinheiro vivo);
- operação de “smurfing” – divisão das quantias em uma série de transações menores em contas correntes para não chamar a atenção dos órgãos de controle.
Em dezembro de 2021, Cameli já tinha sido alvo da primeira fase da operação. O político se elegeu governador do Acre em 2018 e foi reeleito para um segundo mandato no ano passado.
Naquele mês, a PF já tinha apreendido mais de R$ 3 milhões em veículos, relógios, joias, celulares e dinheiro vivo (euro, dólar e real). O apartamento de Cameli também foi alvo de buscas.
Também em 2021, Gladson Cameli afirmou que tinha a consciência “tranquila” e que a polícia estava cumprindo seu papel de apurar denúncias.
“Quem não deve, não teme. Não devo, não temo e quero que fique até o final, se tiver coisa errada vai para a rua [o servidor] e tem que prestar contas à sociedade, porque é dinheiro público”, disse à época.
Fonte: G1