Idoso encontrado morto em Vilhena era pesquisador da Embrapa
Wilson Veneziano tinha 84 anos e era produtor rural. Colegas revelam importância dele para agricultura de Rondônia
No final da tarde desta sexta-feira, 18, um homem já idoso, identificado como Wilson Veneziano foi encontrado morto no quintal da residência onde morava, localizada na avenida José do Patrocínio, no Centro de Vilhena.
Segundo informações levantadas pela reportagem, o homem estava caído no quintal da casa e vizinhos acionaram o Corpo de Bombeiros, que constatou o óbito.
Como a morte se deu por causas naturais, o corpo foi removido por uma funerária de plantão que está providenciando os trâmites para o velório.
Logo após o registro do caso, um leitor do site, ao identificar a vítima, destacou a importância do personagem na história de Vilhena: “o pesquisador aposentado da Embrapa, Wilson Veneziano, faleceu ontem em Vilhena. Veneziano fez um trabalho espetacular com a cultura do café, tendo trazido as primeiras progênies de robusta para teste em Rondônia. Certamente a pesquisa e o desenvolvimento da cafeicultura rondoniense tem muito do trabalho de Veneziano”.
Por e-mail, colegas de trabalho Veneziano, que era pai de três filhos, mas morava sozinho em Vilhena e tinha uma fazenda na região, enviaram o histórico do pesquisador, além de seu vasto currículo acadêmico.
“Tinha 84 anos, mas era muito ativo e forte. A idade não lhe impunha nenhum limite”, contou ao site outro funcionário da Embrapa em Vilhena, que convivia com o pioneiro.
WILSON VENEZIANO
Trabalhou no Centro de Pesquisa Agroflorestal de Rondônia (Embrapa RO), de 1976 a 2009, atuando nas áreas de melhoramento genético e manejo cultural de café arábica (Coffea arabica L.) e C. canephora Pierre (variedade botânica Robusta e Conilon).
No período de 1978 a 2008, liderou a equipe multidisciplinar da Embrapa Rondônia em vários projetos de pesquisa em rede na Amazônia brasileira, financiados pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa Café (Concafé). Aposentou-se pela Embrapa em fevereiro/2009.
Em 1978, foi um dos precursores da pesquisa com cafés (arábica e robusta) consorciados com seringueira no Território Federal de Rondônia.
No início da década de 1980, em parceria com o Instituto Agronômico de Campinas – IAC, publicou o primeiro trabalho da Amazônia brasileira sobre controle químico da ferrugem (Hemilea vastatrix Berk & BR.) do cafeeiro (C. arabica, L.) e seus efeitos na produção, nas condições do estado de Rondônia. Nas décadas de 1990 e 2000, indicou oito cultivares de arabica (´Catuaí Vermelho`, ´Mundo Novo` e ´Catimor`), e, sistemas de manejo e de produção para a cafeicultura da Amazônia Ocidental.
Em 1989, novamente em parceria com o IAC, concluiu os estudos e lançou sete variedades seminais de ´Robusta` e ´Kouilou` (Conilon) para Rondônia.
Provavelmente, embora intencionasse, quase sem saber, estava lançando as bases genéticas para o incremento da produtividade, qualidade dos grãos e, principalmente, “descobrindo o caminho” para a irreversível melhoria da qualidade da bebida dos cafés rondonienses.
ROBUSTAS AMAZÔNICOS.
Concluiu seu trabalho na Embrapa Rondônia, deixando praticamente pronta a cultivar Conilon ‘BRS Ouro Preto’, lançada em 2012 para a cafeicultura da Amazônia Ocidental.
https://youtu.be/fnWgIxtlQtc
Fonte: Folha do Sul