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Dólar fecha em alta pelo terceiro dia seguido, com tensão comercial global

Prisão de executiva da Huawei alimentou temores sobre as relações entre EUA e China, dias após anúncio de trégua temporária na 'guerra comercial'. Moeda chegou a bater R$ 3,94.

O dólar fechou em alta pelo terceiro dia seguido nesta quinta-feira (6), quando chegou a superar o patamar de R$ 3,94, acompanhando o cenário externo adverso após a prisão de uma executiva da gigante chinesa Huawei. O episódio intensificou temores de guerra comercial entre Estados Unidos e China, poucos dias depois de um encontro histórico entre os presidentes dos dois países.

A moeda norte-americana subiu 0,17%, e fechou vendida a R$ 3,8745. Na máxima do dia, chegou a R$ 3,9429. Veja mais cotações.

Já o dólar turismo fechou a perto de R$ 4,05, sem considerar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na máxima do dia, chegou a passar de R$ 4,11.

Tensão comercial

A alta do dólar, assim como a queda das bolsas pelo mundo nesta quinta, ocorre em meio a preocupações de que a prisão possa criar mais uma barreira entre a China e os EUA, dias depois de os presidentes Donald Trump e Xi Jinping terem negociado, no G20, uma tréguatemporária em sua “guerra comercial” para que os dois lados tenham mais tempo para as negociações.

“É negativo para a China…e se é negativo para a China é também para os países emergentes. É dólar mais forte…sugere menos exportações do Brasil”, disse à Reuters a estrategista de câmbio do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.

Meng Wanzhou, vice-presidente financeira da Huawei e filha do fundador da empresa, Ren Zhengfei, foi presa em Vancouver, no Canadá, e enfrenta uma possível extradição para os EUA por supostas violações de sanções dos EUA ao Irã.

A Huawei, uma das maiores fabricantes de equipamentos de telecomunicações do mundo, já enfrentou dificuldades no mercado dos EUA no passado devido a alegações de que seus equipamentos podem conter brechas de segurança que poderiam permitir um monitoramento não autorizado, destaca a Reuters.

“Essa movimentação do mercado ainda é num contexto de dúvida sobre o que vai ser da guerra comercial”, disse ao G1 o economista chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Ele comenta que o episódio da Huawei serviu para adicionar ainda mais incertezas sobre . a trégua negociada no G20

“Esse fato não colabora, obviamente, é péssimo. Mas, como a China chegou a anunciar algumas coisas logo depois da prisão, fica a dúvida de que pé está o negócio, se existem temores que isso possa se estender a outras empresas”, diz Vieira. “E, sabendo como é Donald Trump, a possibilidade de que tudo se altere no meio do caminho é muito grande.”

O economista chefe da DMI Group, Daniel Xavier, também aponta temores entre a relação entre EUA e China e diz que, “no fundo, o fantasma não é só o conflito comercial, mas também diplomático.”

Xavier também avalia que o mercado já vinha em dúvida sobre o acordo do G20, especialmente depois da divulgação de comunicados pelos governos dos dois países. “Cada uma das partes saiu da reunião do G20 e emitiu um comunicado, só que não era uma mensagem única. Cada um tinha uma leitura do comércio. Algumas incongruências começaram a ser reinterpretadas pelo mercado, e para piorar veio a notícia dessa prisão”, disse ao G1.

Outras preocupações externas

O episódio é mais um a se somar à aversão ao risco global. Na quarta-feira (5), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já tinha dito que seria forçado a responder se os EUA saírem do Tratado de Controle de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF, na sigla em inglês), um dia depois de os norte-americanos darem um ultimato de 60 dias aos russos.

Em meio à tensão geopolítica e guerra comercial, o achatamento da curva de juros norte-americana no começo da semana também levantou preocupações sobre uma possível recessão nos EUA, destaca a Reuters.

Cenário local e atuação do BC

Internamente, os investidores se mostraram cautelosos com o novo governo e as indefinições sobre reforma da Previdência e a cessão onerosa.

“Acho que é cedo para sabermos como será a articulação do governo, vamos ter condição de avaliar em janeiro ou fevereiro. Mas o mercado está ansioso… é mais um ponto negativo a pressionar o câmbio”, disse Consorte, da Ourinvest.

O BC vendeu nesta sessão 13,83 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 2,766 bilhões do total de US$ 10,373 bilhões que vence em janeiro. Se mantiver essa oferta diária até dia 21 e vendê-la integralmente, terá concluído a rolagem total.

“Se a situação de fato se agravar para emergentes, o BC pode reforçar a oferta de swap”, comentou Consorte.

Fechamento anterior

O dólar subiu na quarta, em meio às preocupações sobre a economia norte-americana e a guerra comercial entre Estados Unidos e China. No Brasil, as atenções se voltaram para as intenções do governo eleito de fatiar a proposta de reforma da Previdência. A moeda norte-americana avançou 0,26%, vendida a R$ 3,8681.

Fonte: G1

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