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Psicofobia: preconceito contra vítimas de transtornos mentais prejudica pacientes em Vilhena

Preconceito com pessoas que sofrem de algum transtorno psíquico ajudam piorar os casos. Depressão, esquizofrenia e transtornos de ansiedade são diagnosticados diariamente em Vilhena.

Os vários pacientes do Centro Assistencial Psicossocial (CAPS) de Vilhena (RO) frequentemente sofrem com o preconceito por causa dos transtornos que eles são vítimas, como a depressão e esquizofrenia. Segundo os especialistas de saúde mental, este preconceito é chamado de Psicofobia.

A psicóloga Maria de Lourdes Santos explicou sobre a definição desse termo.

“O significado original do termo Psicofobia é o de medo ou exagerado e irracional da mente. No entanto, tem sido um termo usando em sentido não clínico no Brasil, podendo neste contexto ser definido como o preconceito ou discriminação contra pessoas com transtornos ou deficiências mentais. Como exemplos de Transtornos Mentais que são alvos de preconceito: depressão, bipolaridade, bulimia, anorexia, autismo, síndromes em geral, alcoolismo, dependência de drogas em geral, entre muitas outras”, afirma.

Esse tipo de ação pode prejudicar muito um paciente. De acordo com a psicóloga, o preconceito pode ser nocivo ao paciente.

“ Esse tipo de ação acaba prejudicando com certeza o tratamento. O paciente, além de lidar diariamente com os efeitos colaterais da medicação, ainda terá que aprender lidar com os julgamentos preconceituosos”, explica.

– “Frescura?”

O jornalentrevistou um homem de 41 anos que não acredita em doenças mentais. “É frescura deles sim. Isso é coisa de gente safada”, disse o homem.

O autônomo conta que já viu vários casos de pessoas que melhoraram sozinhas, sem a necessidade de medicação ou tratamento especializado. “Foi só a pessoa se ocupar que tudo melhorou”, conta.

A reportagem contou ao homem que há um projeto de lei que criminaliza esse tipo de ação. “Não me importo, é minha opinião e não pode ser questionada”, finalizou.

O projeto de lei Projeto de Lei do Senado nº 74, de 2014 que, altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar o crime contra as pessoas com deficiência ou transtorno mental.

A pena prevista no projeto é de três anos para quem praticar injúria contra pessoas com transtorno mental.

– Vítimas

O jornal entrevistou uma mulher de 35 anos, diagnostica com esquizofrenia e que estava internada no Hospital Regional de Vilhena.

A mulher mora em um município vizinho e relata que sofre perseguição onde reside. “Eu chego nos lugares e as pessoas cochicham nas minhas costas, fazem sinal de que eu sou louca”, conta.

“Não aguento isso. Tomo meus remédios… aí quando eu vejo isso, me faz muito mal”, explica.

O coordenador do Centro de Assistência Psicossocial (CAPS), Rafael Reis, explica a situação.

“Essa paciente faz tratamento conosco aqui no município e ela relata que essas chacotas são constantes. Há episódios que ela chega em caso de surto após esse tipo de ofensas e chacotas”, conta.

De acordo com Rafael, a paciente é controlada e não representa risco.

“Ela é uma boa pessoa, não é má, mas o paciente quando surta, ele fica em estado de surto e não consegue controlar as ações”.

A paciente conta que não tem apoio da família, tem três filhos e atualmente estão em um abrigo. “Não há ninguém do meu lado, sou só eu e Deus”, finaliza.

O coordenador explica que está ciente da situação da paciente.

“Ela nos contou que até pessoas que trabalham na área de saúde fazem essas coisas com ela. Nós, do CAPS já estamos apurando o caso e se for necessário, pediremos auxílio ao Ministério Público”.

Rafael afirma que esse tipo de preconceito só piora a situação. “Ela é um ser humano, não merece passar por isso”, finaliza.

– O que fazer?

“Diagnosticar se um paciente está sofrendo preconceito é importante observar o seu comportamento, que com certeza mudará a partir de falas que o desagrada. Começará a fugir e isolar se de determinados ambientes que ora frequentava livremente, a adesão medicamentosa ficará prejudicada diante de mais sofrimento psíquico”, afirma a psicóloga Maria de Lourdes.

Para entender os casos de doenças e transtornos psiquiátricos, primeiramente é necessário um diagnóstico preciso feito por profissionais capacitados e com apoio da família que será orientada para entender como funciona a dinâmica dos pós diagnostico.

“Importante é que as pessoas se conscientizem do mal que fazem”, finaliza a psicóloga.

– Campanha contra a Psicofobia

No dia 12 de abril é comemorado o dia de combate a Psicofobia, em alusão ao nascimento do artista Chico Anysio, patrono da campanha contra a Psicofobia e do projeto “A sociedade contra o preconceito”.

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) divulgou um vídeo este ano com relatos de pessoas que sofrem ou já sofreram preconceito devido a doenças ou transtornos psíquicos.

Fonte: G1 Rondônia

 

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