Nova espécie de macaco e descoberta na divisa de Rondônia e Mato Grosso, em Vilhena
Zogue-zogue-de-barba-branca é a única espécie que possui uma barba marcantemente esbranquiçada
A descoberta foi recentemente publicada em uma das mais importantes revistas internacionais, a Primate Conservation.
Com a descoberta da nova espécie, os pesquisadores fizeram uma revisão da literatura cientifica histórica, em que um único breve relato sobre populações de zogue-zogue foi feito pelo naturalista Alipio de Miranda Ribeiro, da Comissão das linhas telegráficas de Rondon, publicado em seu livro em 1914.
Gusmão explica que na obra do naturalista existe um relato muito resumido de dois espécimes coletados na cabeceira do rio Ji-Paraná, que aparentemente se tratava do zogue-zogue dos Parecis. Segundo Miranda-Ribeiro (1914) aqueles espécimes foi provisoriamente identificado como Plecturocebus [Callicebus] cinerascens. “Durante um século esse macaquinho ficou esquecido, quando em 2011 foi reencontrado na natureza, entre os estados de Rondônia e Mato Grosso, município de Vilhena, RO”, afirma o doutorando da Unemat.
Ainda em 2011, pesquisas sobre o desmatamento na região do rio Comemoração resultou na coleta de quatro espécimes, que possibilitou análises minuciosas da anatomia e genética dos animais.
“Ao todo foram mais de 50 variáveis investigadas. Um pouco mais que àquelas utilizadas nas ultimas descrições de novas espécies de zogue-zogue. A partir dessas investigações foi possível aceitar a nossa hipótese de espécie nova e então descrevê-la cientificamente”, esclarece o pesquisador.
Durante o processo de observação, o padrão de cores da nova espécie foi o que chamou a atenção dos pesquisadores. Já que o zogue-zogue dos Parecis tem uma barba marcadamente branca, além das costas vermelhas, mãos e pés cinza-esbranquiçados e a ponta da cauda também cinza-esbranquiçada.
Após a descoberta e a descrição científica, a preocupação dos pesquisadores agora é em assegurar que o zogue-zogue dos Parecis seja incluído nas listas de espécies ameaçadas de extinção como quase ameaçada da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Isso porque o P. parecis é encontrado em uma região de intenso desmatamento, conhecido como “Arco do Desmatamento da Amazônia brasileira”.
Gusmão lembra que ainda existem muitas lacunas no conhecimento da nova espécie, pois é necessária uma melhor compreensão da distribuição geográfica e ecologia, por exemplo.
Fonte: Folha Max