Homem morto em confronto com a PM em Vilhena tinha 19 passagens pela polícia
Internautas que conheceram suspeito saíram em sua defesa; PM abre inquérito para apurar ação
Após a divulgação de uma reportagem sobre a morte de Domingos de Souza Francisco, de 37 anos, ocorrida na madrugada de domingo, 01 de Novembro, em um confronto com a Polícia Militar de Vilhena, vários leitores fizeram comentários defendendo o caráter do suspeito, alegando que ele era um homem trabalhador e que jamais seria o autor do assalto ao motorista de ônibus de uma linha particular urbana, registrado por volta da 01:00h, que desencadeou toda a história, levantando dúvidas sobre a conduta dos militares envolvidos no caso.
Descrito pelos leitores como um pacato vendedor de frangos, que andava armado apenas para se proteger, uma vez que tinha uma antiga rixa e temia por sua vida, Domingos morreu no Hospital Regional, após ser atingido por cinco tiros disparos FEITOS pelos militares, que o perseguiram desde segundos após o crime até este tentar contra a guarnição com um revólver calibre 38, que não disparou.
Diante da revolta dos leitores, a reportagem do site procurou o comando da Polícia Militar de Vilhena, a fim de esclarecer o caso, e teve acesso aos vídeos gravados no momento da ação pelos próprios policiais, que mostram a arma próxima ao local onde Domingos caiu ao ser baleado, quase no entroncamento da avenida Melvin Jones com a Celso Mazutti, e ao do depoimento da vítima, que narra exatamente o que descreve o registro do caso.
No vídeo contendo os relatos do motorista, este afirma que minutos antes do assalto sofrido, enquanto socorria uma jovem vítima de overdose, que entrou na frente de seu veículo forçando-o a parar abruptamente, dois indivíduos em uma motocicleta Honda Bros de cor laranja teriam fotografado o ônibus, veículo este que, segundo alguns leitores, condiz com as características da motocicleta que Domingos usava para vender suas aves de porta em porta.
Ainda segundo o motorista, após a saída das equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Corpo de Bombeiros do local, ele foi rendido por um assaltante que portava um revólver de cabo branco e que lhe exigiu que entregasse o que trazia de valor.
A arma tinha as mesmas características da encontrada ao lado de Domingos, devidamente carregada com seis munições, estando uma picotada.
Em conversa com o comandante da ação policial que culminou na morte de Domingos, este afirmou que a possibilidade de ter havido uma confusão é nula, uma vez que em nenhum momento a guarnição e a vítima perderam o agente do crime de vista, desde o assalto até este ser ferido pelos disparos efetuados pela guarnição, em local totalmente aberto e iluminado.
“A vítima nos apontou o suspeito, que corria pela BR como sendo o autor do assalto, e fomos atrás enquanto ela assistia tudo de longe”, afirmou o comandante.
Já a assessoria da PM afirmou que, como é de praxe, sempre que uma ação policial acaba com a morte de algum suspeito, um inquérito para apuração do caso será instaurado e as pessoas que contradizem a versão dos militares envolvidos na ação podem ser intimados a depor, para que de fato não haja dúvidas sobre a conduta da guarnição e sobre a culpabilidade do suspeito.
Domingos, que de 2009 a 2015 possuía 19 registros de ocorrência, nos quais oscilava de vítima a autor do crime de ameaça, assim como tinha envolvimento nos crimes de receptação, posse de arma de arma branca e inúmeras perturbações de sossego, todas ocorridas na zona rural.
A reportagem do site também entrou em contato com alguns dos responsáveis pelos comentários presentes na divulgação da matéria, porém, até o momento, estes não responderam.
https://youtu.be/GDKApMmG0y8
Fonte: Folha do Sul