Brasil: Influenciador Hytalo Santos e marido são presos em São Paulo acusados de tráfico humano e exploração sexual infantil

O influenciador digital paraibano Hytalo José Santos Silva, vulgo “Hytalo Santos” e seu marido, Israel Nata Vicente, foram presos na manhã desta sexta-feira, 15 de Agosto, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, por policiais da 3ª Delegacia de Investigações sobre Estelionato e Crimes Contra a Fé Pública do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais). A ação cumpre mandados de prisão temporária expedidos pela 2ª Vara da Comarca de Bayeux, na Paraíba.

Segundo o Ministério Público da Paraíba (MP-PB), os dois são investigados por crimes de tráfico humano e exploração sexual infantil.

A investigação é conduzida pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), em parceria com o Ministério Público do Trabalho, a Polícia Civil da Paraíba (por meio da UNINTEPOL e da DECC), o CIBERLAB – Laboratório de Operações Cibernéticas da SENASP/MJSP, além da PRF (Polícia Rodoviária Federal), que também participou da operação.

Conteúdo sensível e denúncia anônima

As investigações contra Hytalo começaram em 2024, após denúncias anônimas feitas por meio do canal “Disque 100” e relatos de vizinhos sobre festas em suas residências, nas quais haveria consumo de álcool e comportamentos de conotação sexual envolvendo crianças e adolescentes.

O MP-PB informou que os trabalhos têm sido conduzidos com “rigor técnico e absoluto respeito aos direitos e à dignidade das vítimas, especialmente crianças e adolescentes”.

No entanto, o órgão alertou para os danos causados por vazamentos de informações sigilosas e ações paralelas, que estariam atrapalhando a eficiência e segurança da investigação, além de expor as vítimas a novos riscos.

Repressão nas redes e medidas judiciais

A Justiça da Paraíba determinou a suspensão de todos os perfis de Hytalo Santos nas redes sociais, além da desmonetização de seus conteúdos e a proibição de contato com menores citados nas denúncias.

Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em suas residências, com coleta de eletrônicos para análise pericial. Na busca na casa do infrator o mesmo acabou fugindo antes da chegada da polícia e deixou a máquina de lavar ligada.

Os pais de alguns adolescentes envolvidos também estão sob investigação, por possível omissão no dever de proteção dos filhos e por terem aceitado valores em troca dos filhos.

Em nota divulgada na quinta-feira (14), a defesa de Hytalo negou as acusações e afirmou que “sempre agiu dentro da legalidade”.

Segundo a nota, os conteúdos com adolescentes foram gravados com “autorização legal e acompanhamento dos responsáveis”. A defesa alega ainda que algumas das jovens envolvidas são emancipadas.

Impacto nas redes e denúncias de youtuber

O caso ganhou projeção nacional após a divulgação de um vídeo do youtuber Felca, publicado no dia 6 de agosto, que já ultrapassou 40 milhões de visualizações.

No material, Felca expôs práticas de exploração sexual de menores em conteúdos online, e citou Hytalo como um dos principais alvos.

O vídeo também critica o chamado “algoritmo P”, que, segundo Felca, favoreceria a disseminação de conteúdos sexualizados com crianças e adolescentes nas plataformas.

Após a repercussão, o youtuber relatou ter sofrido ameaças, passou a circular com segurança privada e propôs um acordo humanitário com mais de 200 perfis que o atacaram, sugerindo doações a instituições de combate à exploração infantil.

Adultização de menores em debate

O caso de Hytalo Santos reacendeu o debate sobre a adultização de crianças nas redes sociais e o papel das plataformas na moderação de conteúdo. Especialistas apontam a necessidade urgente de regulamentações mais rígidas para proteger menores de exposição indevida e de crimes cibernéticos.

Em nota oficial, o Ministério Público da Paraíba e os órgãos parceiros afirmaram:

“Reiteramos nosso compromisso inegociável com a defesa de crianças e adolescentes, mantendo-nos firmes e integrados no combate a este crime grave, e conclamamos a sociedade a apoiar essa missão por meio da denúncia responsável e da preservação da dignidade das vítimas”.

As investigações continuam sob sigilo, e novas diligências devem ser realizadas nos próximos dias.

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Fonte e texto: Polícia Civil

Foto: Ilustração IA