Policial

Polícia Civil conclui que caminhoneiro que matou comerciante em Vilhena não agiu em legítima defesa

"Foi vingança", afirma delegado da Homicídios. Depoimento, de duas testemunhas-chave, confirmou que o motorista mentiu ao alegar legítima defesa, segundo a polícia.

O trabalho de investigação da Delegacia Especializada na Repressão de Crimes Contra a Vida (DERCCV), da Polícia Civil de Vilhena, concluiu que o caminhoneiro Juracy Pereira não agiu em legítima defesa ao matar a tiros, o comerciante Edemilson Gomes dos Santos, 42 anos. O crime aconteceu pouco antes das 22h do dia 11 de maio deste ano no restaurante da vítima, que fica na altura do km 42 da BR-364, no sentido Porto Velho.

Após cometer o crime o caminhoneiro, de 43 anos, fugiu, e se apresentou na delegacia 48 horas depois e alegou ter agido em legítima defesa, pois teria sido ameaçado pelo comerciante. No entanto, a versão dele foi derrubada após a polícia ouvir testemunhas do crime. Juracy foi indiciado por homicídio simples.

De acordo com o delegado do caso, Nubio Lopes de Oliveira, o motorista irá responder ao processo em liberdade. “Ele cometeu o crime, mas existe uma série de fatores que nos levam a não pedir a prisão preventiva dele, como residência e trabalho fixos”, declarou Lopes.

 

Versões do fato

Os carreteiros Juracy Pereira, agora indiciado, e Rogério Miguel Fagundes estacionam suas respectivas carretas no pátio do restaurante Chapa Quente, de propriedade da vítima. Logo na sequência, um terceiro caminhoneiro, até hoje desconhecido, parou no pátio e pediu para que Juracy e Rogério o ajudasse, pois seu veículo estava com problemas.

Edemilson Gomes, dono do local, foi até os motoristas e pediu para que o caminhão fosse parado em outro ponto, pois onde estava atrapalharia outros veículos estacionarem.

A partir do pedido começou uma discussão entre o comerciante e o carreteiro Rogério. Já o dono do caminhão, supostamente enguiçado, entrou na cabina e se trancou.

Na versão de Juracy, o comerciante sacou um revólver e obrigou ele e o colega Rogério a entrar no restaurante. Já dentro do estabelecimento, Edemilson, segundo contado por Juracy, teria apontado a arma a eles e dito que os dois morreriam.

Ainda segundo a versão do indiciado, Rogério trocou socos com o comerciante e depois correu para o lado de fora, mas tropeçou e foi alcançado por Edemilson.

Na confusão, a arma do comerciante caiu próxima de Juracy que vinha logo atrás. Na troca de socos, o comerciante tirou um canivete da cintura e furou o abdômen de Rogério, que caiu sem forças de reagir.

Ao ver que o amigo tinha sido ferido, Juracy, já armado, disparou contra o empresário por medo de também ser esfaqueado. Ferido, Edemilson correu por alguns metros e depois caiu e morreu antes que o socorro chegasse. Já Rogério, em grave condição, foi trazido para ao Hospital Regional no caminhão do amigo Juracy, e sobreviveu. Com poucas divergências, essa foi a versão que Rogério também contou à polícia.

O crime que até então parecia ser de fato legítima defesa, teve uma reviravolta. Segundo o delegado do caso, o depoimento de duas testemunhas-chave, confirmaram que o indiciado mentiu em vários pontos.

“No momento em que o Edemilson percebeu que o Juracy estava com um revólver na cinta, ele sacou da arma e apontou na direção dos dois caminhoneiros e ‘forçou’ eles a irem para o restaurante.

Já lá dentro, o Rogério teve a oportunidade e pegou a arma do colega motorista e correu para o lado de fora e o Edemilson foi atrás dele, no pátio dos dois caíram e entraram em luta corporal, foi quando o comerciante tirou um canivete e furou o motorista”, destaca o delegado.

Juracy, que também se envolveu na luta, conseguiu pegar as duas armas e usou a do próprio comerciante para matá-lo. O Juracy atirou contra o Edemilson para vingar o amigo, é a conclusão da polícia.

Segundo laudo do médico legista, o tiro contra o comerciante foi feito a distância. “As duas testemunhas narraram que o Juracy disse as seguintes palavras após ver o amigo esfaqueado: ‘agora você vai morrer’”, revelou Nubio Lopes em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (26).

O delegado confirmou que, ao prestar depoimento, Juracy não revelou que também estava armado no momento do crime.  Para  Nubio Lopes, Juracy usou a arma do próprio comerciante para ter um álibi.

A polícia também confirmou que o caminhoneiro não entregou a arma do crime e tão pouco revelou o paradeiro dela. O delegado confirmou também que o caminhoneiro não tinha registro legal para andar armado.

Com a conclusão do inquérito, o caso foi remetido ao Ministério Público de Rondônia (MP-RO) que deverá oferecer à Justiça, denúncia contra Juracy Pereira, pelo crime de homicídio simples.

Fonte: Vilhena Notícias

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