Policial

Vilhena: médico é preso em flagrante, acusado de cobrar para realizar exames dentro do Hospital Regional

Prefeito ordenou afastamento de médico. Polícia investiga o crime. Aparelho móvel foi apreendido com funcionária de médico denunciado

O jornal teve acesso à ocorrência policial lavrada para relatar a prisão, em flagrante, de um médico acusado de cobrar por exames particulares realizados dentro do Hospital Regional de Vilhena. O fato aconteceu ontem à noite, foi comunicado pela própria direção da unidade e a ação policial acompanhada pelo representante do Conselho Regional de Medicina no Cone Sul, o oftalmologista Marco Túlio de Freitas Teodoro.

De acordo com a narrativa policial, uma mulher de 46 anos relatou ao diretor clínico do HR, Romualdo de Andrade Kelm, 64 anos, os detalhes da cobrança ilegal que teria sido feita pelo cardiologista Charles Novaes de Almeida, 44. Ele teria cobrado do marido de uma paciente identificada como Marina de Araújo Giniu, 46 anos, Nelson Amancio de Oliveira, a quantia de 380 reais, referente à realização de um exame de ecocardiograma, que deveria ser realizado em clínica particular.

A suposta cobrança teria sido feita no período da tarde, quando o acusado emitiu até recibo no valor pago pelo marido da paciente. Já à noite, quando a mulher voltou ao hospital público, Charles a levou para uma sala dentro do próprioRegional e, usando um aparelho móvel, realizou o exame.

“O comunicante Romualdo (Diretor Clinico) ouvindo o relato da Vítima Marina de Araújo e confrontando com o prontuário médico, em que o Medico Charles é Plantonista no dia de hoje, fez o pedido de exame para Ele mesmo realizar dentro do hospital Regional, sendo esse exame pago pelo paciente, o que é contra a ética medica”, revela um trecho da ocorrência policial, na qual Romualdo consta como comunicante dos fatos.

Conforme o relato do diretor clínico do HR, um homem de 87 anos também teria pagado pela realização de exames cardiológicos dentro do hospital público. A filha dele teria relatado o fato ao médico comunicante, levando-o o acionar a polícia e o CRM.

Ao ser questionando sobre o procedimento, o médico denunciado não prestou os esclarecimentos e foi levado, sem o uso de algemas, para a Unisp. Mas, enquanto ele seguia para a Delegacia de Polícia Civil, uma outra viatura da PM permaneceu no hospital, e flagrou quando uma funcionária de Charles, uma garota de 25 anos, deixava a unidade, levando o equipamento usado na realização dos exames.

Ao ser abordada, a jovem disse que havia sido chamada pelo cardiologista para auxiliar na realização dos exames dentro do hospital e que deveria levar o aparelho após o procedimento. Junto com o equipamento, que foi apreendido, estavam laudos e recibos emitidos em nomes das vítimas.

O site não teve acesso ao depoimento do médico acusado, que foi liberado após o interrogatório. Também foram ouvidos pela polícia, como comunicantes do fato, o próprio Romualdo, o diretor clínico do HR, Faiçal Ibrahim Akkari, diretor geral da unidade, e o representante do CRM, Marco Túlio.

O site vai tentar ouvir a versão do acusado, uma vez que não teve acesso ao depoimento dele na Unisp.

OUTRO CASO: após prisão de médico, mãe de bebê denuncia “pressão por exame”

Após ler a reportagem do FOLHA DO SUL ON LINE, falando da prisão de um cardiologista acusado de cobrar por exames particulares realizados dentro do Hospital Regional de Vilhena, uma dona-de-casa de 26 anos resolveu denunciar ao próprio site outra ilegalidade na instituição pública, que recebe pacientes de todo o Cone Sul e de cidades do Mato Grosso.

Segundo a jovem, recentemente, seu bebê precisou ser internado no Regional, por causa de uma pneumonia. A criança passou 9 dias na unidade e tinha dificuldades para respirar.

A mãe contou que, no momento de maior crise do bebê de 2 meses, um dos médicos que o atendiam insistiu para que ele fosse submetido a um exame de ecocardiograma. “O médico insistia e me disse que, se eu quisesse, ele chamaria uma colega, que cobraria 300 reais e faria o exame ali mesmo”, revelou a entrevistada.

O pagamento só não foi feito porque outro médico, ao analisar o quadro da criança, descartou a necessidade do exame cardíaco solicitado pelo colega. “Ele me disse que era pra cuidar só da pneumonia. Eu inventei que não tinha dinheiro e falei que faria o exame no particular, quando meu filho tivesse alta do hospital”.

Já em casa, o bebê está se recuperando. A mãe, que preferiu não ser identificada temendo retaliações, ainda não fez o exame, mas disse que, se for necessário, pagar pelo atendimento em clínica privada da cidade.

Prefeito mandou afastar médico

O prefeito de Vilhena, Eduardo Japonês (PV) determinou o afastamento preventivo do médico Charles Novaes de Almeida, 44 anos, das funções que ele exercia no Hospital Regional. O cardiologista recebeu voz de prisão, na noite de ontem, acusado de realizar e cobrar exames dentro da unidade, usando um aparelho móvel.

A comissão de ética do HRV e a comissão de ética do CRM vão apurar os fatos envolvendo o profissional, que estava atendendo em Vilhena havia apenas dois meses. Antes de chegar à cidade, por cedência, ele trabalhava em Porto Velho.

Ao comentar o caso, através de sua assessoria, Japonês orientou que todos os pacientes que recebam cobranças por atendimento no Regional, denunciem o caso. O mandatário, que está em viagem a Porto Velho, também prometeu combater com rigor os casos que forem apresentados.

Fonte: Folha do Sul Online

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